para que sejas livre as minhas asas.
De minha boca chegará até o céu
o que dormido estava em tua alma.
Tu trazes a ilusão de cada dia.
Chegas como o orvalho nas corolas.
Com tua ausência escavas o horizonte.
Eternamente em fuga, irmã das ondas.
Já disse que o teu canto era o do vento
como cantam os mastros e os pinheiros.
És como eles alta e taciturna
E entristeces de pronto, como uma viagem.
Acolhedora como antiga senda
abrigas ecos e vozes nostálgicas.
Desperto e alguma vez emigram, fogem
pássaros dormidos em tua alma.
Pablo Neruda
[Ouvindo: Cotidiano - Chico Buarque - (2:45)]
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